Os Planetas
no Cinema
por Jorge Lancinha * artigo publicado no Jornal da ASPAS (edição nº5 - Especial Cinema - Verão 2013) |
Julho 2013
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Desde sempre que o homem recorre a histórias, lendas, mitos, como veículos de transmissão de sabedoria, como materialização simbólica das suas crenças e valores, como construção de estruturas internas que suportam e dão sentido à sua existência.
Hoje em dia é em grande parte o cinema que se encarrega de criar e transmitir para as massas a mitologia na qual se vai tecendo a nossa cultura. Apesar da banalização e desvirtuação que acaba por acontecer com tudo o que é massificado, a matriz arquetípica da psique humana acaba por se revelar em tudo aquilo que criamos. As personagens que povoam os filmes mostram-nos a face destes arquétipos que dão estrutura ao inconsciente colectivo.
Numa abordagem Humanista e Transpessoal da Astrologia, podemos tomar os Planetas como símbolos desses pilares da nossa estrutura interna. Assim, neste artigo vamos procurar conhecer um pouco mais destes arquétipos/planetas através de personagens de filmes.
Começando pelo Sol, ele é o centro do nosso sistema solar e paralelemente é símbolo do centro gravitacional da nossa personalidade, o Eu. Na generalidade dos filmes existe também uma personagem central, o herói da história. História essa que habitualmente é a narrativa do seu percurso de empowerment – da descoberta de si e do seu potencial. Vemos, por exemplo, esse desenvolvimento de forma muito clara na personagem de Neo na trilogia “Matrix” (1999). Esta figura central solar está muito ligada ao arquétipo do Rei, que vemos retratado em Aragorn no “Senhor dos Anéis” (2001), especialmente no último filme da trilogia “O Retorno do Rei” (2003), e também na figura de Arthur em “Excalibur” (1981) de John Boorman. Transversal a todos estes personagens é a especial singularidade do seu destino: eles são os escolhidos para liderar o seu universo rumo ao Cosmos, à Ordem, à Paz e à Justiça. É o que este Sol interno pede de nós: que descubramos as potencialidades criativas da nossa posição solar (signo, casa, aspectos) e as utilizemos no sentido de criar Ordem.
Numa abordagem Humanista e Transpessoal da Astrologia, podemos tomar os Planetas como símbolos desses pilares da nossa estrutura interna. Assim, neste artigo vamos procurar conhecer um pouco mais destes arquétipos/planetas através de personagens de filmes.
Começando pelo Sol, ele é o centro do nosso sistema solar e paralelemente é símbolo do centro gravitacional da nossa personalidade, o Eu. Na generalidade dos filmes existe também uma personagem central, o herói da história. História essa que habitualmente é a narrativa do seu percurso de empowerment – da descoberta de si e do seu potencial. Vemos, por exemplo, esse desenvolvimento de forma muito clara na personagem de Neo na trilogia “Matrix” (1999). Esta figura central solar está muito ligada ao arquétipo do Rei, que vemos retratado em Aragorn no “Senhor dos Anéis” (2001), especialmente no último filme da trilogia “O Retorno do Rei” (2003), e também na figura de Arthur em “Excalibur” (1981) de John Boorman. Transversal a todos estes personagens é a especial singularidade do seu destino: eles são os escolhidos para liderar o seu universo rumo ao Cosmos, à Ordem, à Paz e à Justiça. É o que este Sol interno pede de nós: que descubramos as potencialidades criativas da nossa posição solar (signo, casa, aspectos) e as utilizemos no sentido de criar Ordem.
Na distorção deste princípio encontramos a tirania que
resulta dos complexos de inferioridade e da procura patológica do poder como
compensação narcísica. Temos na personagem de Commodus em “Gladiador” (2000), um exemplo bem retratado da
inversão do princípio solar: um filho que procura a aprovação do pai, mas que é
preterido por este na sucessão ao trono; sentindo-se rejeitado assassina o pai
e usurpa o poder, instituindo um reinado de medo, controlo e repressão de todos
os que a si se opõem.
Apesar das personagens solares nos surgirem sobretudo como homens, pois estamos a falar de um arquétipo de carácter yang (masculino), este princípio é obviamente transversal à psique de ambos os géneros. Da mesma forma, no caso da Lua, encontramos sobretudo mulheres a encarnar este princípio yin (feminino). A Lua está relacionada com a capacidade de nutrir e proteger, com o sentido de pertença e a ligação emocional. Galadriel no “Senhor dos Anéis: A Irmandade do Anel”, é uma personagem que evoca magníficas qualidades lunares. Vemo-la aparecer na história num momento de desespero, em que a esperança dos heróis se começa a esvair, oferecendo um colo protector onde recuperar forças e restabelecer animo para os desafios que se avizinham. Perante ela todos se sentem desnudados pela sua capacidade psíquica: ela sente o que cada um guarda no seu mais íntimo. A todos ela acolhe no seio do seu imenso poder, como uma grande mãe.
Apesar das personagens solares nos surgirem sobretudo como homens, pois estamos a falar de um arquétipo de carácter yang (masculino), este princípio é obviamente transversal à psique de ambos os géneros. Da mesma forma, no caso da Lua, encontramos sobretudo mulheres a encarnar este princípio yin (feminino). A Lua está relacionada com a capacidade de nutrir e proteger, com o sentido de pertença e a ligação emocional. Galadriel no “Senhor dos Anéis: A Irmandade do Anel”, é uma personagem que evoca magníficas qualidades lunares. Vemo-la aparecer na história num momento de desespero, em que a esperança dos heróis se começa a esvair, oferecendo um colo protector onde recuperar forças e restabelecer animo para os desafios que se avizinham. Perante ela todos se sentem desnudados pela sua capacidade psíquica: ela sente o que cada um guarda no seu mais íntimo. A todos ela acolhe no seio do seu imenso poder, como uma grande mãe.
No lado sombra deste arquétipo podemos encaixar personagens como a Morgana de “Excalibur”: meia-irmã de Arthur, dedica-se à bruxaria e procura destruir o reinado deste através de manipulações e distorções. Consegue enfeitiçar Arthur e concebe com ele um filho que cria como arma destinada a aniquila-lo. Esta Morgana interpretada por Helen Mirren é uma verdadeira mãe-negra, diametralmente oposta à figura de Galadriel.
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